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Não Te Preço Vivo?

não te pareço vivo?

sinopse

A história milenar da família dos Átridas e o mito de Electra são apresentados ao público em paralelo à descrição de uma tragédia que não deixou sobreviventes ocorrida numa comunidade não tão distante de nós. Os rituais fúnebres deste coro de mortos e a obra clássica de Sófocles se fundem no chamado por justiça. Orestes e Pílades partem do exílio de volta para a casa para vingar a morte do pai, Agamêmnon, cujo assassinato é compulsivamente lamentado por sua irmã Electra, na companhia do coro.

ficha técnica

Não Te Pareço Vivo? 

Parte I: "Hoje é o dia dos mortos viverem e dos viventes morrerem"

Direção: Marcos de Andrade

Elenco: Anísio Serafim, Carol Marques da Costa, Chrystian Roque, Marcelo Villas Boas e Maria Clara Strambi

Adaptação Electra de Sófocles: Rogério Guarapiran

Dramaturgia: Màli Teatro

Figurinos e adereços: Lívia Loureiro

Fotos: Caio Oviedo e Nicolle Comis

Produção: Ivo Leme

Arte Gráfica: Anísio Serafim

Realização: Màli Teatro

sobre

Em um lugarejo esquecido pelo tempo e maltratado pela violência e caos social, dois irmãos, Orestes e Electra, separados desde a infância, se reencontram para cumprir a ordem do oráculo e vingar a morte do pai, o herói de guerra Agamemnon, assassinado há décadas pela mãe dos dois, a rainha Clitemnestra.


Nesta tragédia, escrita por Sófocles, testemunhamos o que sobrou da saga de uma família marcada por uma repetição contínua de mortes violentas que atravessam gerações. Uma família de mortos, assassinos e assassinados, por eles mesmos. Parentes que deixam um rastro de sangue derramado, tanto no passado como em direção ao futuro. Os remanescentes dessa tirania, imposta como uma maldição, encontram na pulsão de morte a única forma de sobrevivência. São personagens, que apesar de vivos, se assemelham mais a espectros. Fantasmas que caminham sobre os restos deixados por seus antepassados. Os despojos da família são os resquícios de uma guerra sem sentido. Marginais de si mesmos, que se arrastam com o peso de seus parentes mortos sobre os destroços da cobiça, do medo e da ignorância. Retrato de uma humanidade em ruínas. 


Em Não Te Pareço Vivo?, nossa peça baseada no texto de Sófocles, sentimos o cheiro de natureza morta nas paredes corroídas pelo tempo, nos ecos dos salões vazios de um palácio habitado por fantasmas, nas sobras do banquete devoradas por cães famintos. Flagrantes silenciosos da matéria em mutação. O pós-tudo, o pós-guerra, o abandono, a devastação, o imaginário distópico em um ambiente eticamente corrompido e morto. Uma metáfora do mundo contemporâneo, num diálogo direto com a atualidade e sua dimensão trágica. 


As ruínas em Não Te Pareço Vivo? são as nossas ruínas. Decadência urbana retratada em ambientes marginalizados e abandonados, repletos de poesia trágica. A passagem do tempo não está só nas paredes, mas também na nossa carne exposta, marcada pelas histórias vividas. São as lágrimas na periferia do Brasil, velhos casarões com paredes descascadas e fiação exposta, becos devorados pela escuridão, traços de sangue em facas abandonadas, solidão dos letreiros luminosos colorindo de vermelho o rosto dos flagelados. As sombras projetadas nos velhos muros são imagens fantasmáticas destinadas a provocar uma reflexão sobre a efemeridade do corpo e do tempo. Camadas que evocam um diálogo entre o passado e o futuro. Sobre construção, destruição, reconstrução e destruição. O TEMPO ESCULPIDO nas contradições humanas. 

fotos

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